sexta-feira, 11 de novembro de 2011



Meu egoísmo é revelar só um pedaço do que sou, só a parte boa, a mocinha da história. Tenho, dentro de mim, um elenco de coadjuvantes que não deixo que brilhem, que não dão autógrafos nem saem nas capas de revista. Egoísta. Poupando o mundo do meu lado sórdido, que costuma ser o mais interessante.
— Clarice Lispector


Eu não sei, mas acho que a gente olha e pensa: “Quero pra mim”. Mas dá um frio na barriga, um tremor, um medo de depender de alguém, de sofrer, de escolher errado, de lutar por algo que não vale a pena. Porque o coração nem sempre é mocinho. Foi por isso que corri, tentei fugir, mas quando tem que ser, não adianta, será.
— Caio Fernando Abreu 

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

BILHETE
Se tu me amas,
ama-me baixinho.
Não o grites de cima dos telhados,
deixa em paz os passarinhos.
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
.....tem de ser bem devagarinho,
.....amada,
.....que a vida é breve,
.....e o amor
.....mais breve ainda.
Mario Quintana
– Só sei que nós nos amamos muito…
– Porque você está usando o verbo no presente? Você ainda me ama?
– Não, eu falei no passado!
– Curioso né? É a mesma conjugação.
– Que língua doida! Quer dizer que NÓS estamos condenados a amar para sempre?
(…)
– E não é o que acontece? Digo, nosso amor nunca acaba, o que acaba são as relações…
– Pensar assim me assusta.
– Por que? Você acha isso ruim?
– É que nessas coisas de amor eu sempre dôo demais…
– Você usou o verbo ‘doer’ ou ‘doar’?
(Pausa)
– Pois é, também dá no mesmo…
Caio Fernando Abreu


Ás vezes tenho medo ...
Medo de olhar e enxergar
Medo de sentir e gritar
Medo de escorregar e cair na lama
Medo de viver e morrer 

(...)Esqueço que meus olhos são estrelas 
Que meus cabelos são os ventos das tempestades
E das pequenas asas nos meus pés 

Esqueço que existe um vulcão dentro do meu coração 
E que o sol brilha em meu peito 
Intensificando a emoção 
E clareando a razão 

Daí-me força, meu Deus, para ser o que sou. 
Força para seguir meu caminho sem medo 
E ser feliz.

Cláudia Perotti

quarta-feira, 26 de outubro de 2011





"Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos 


crescer com os toques suaves da alma."
— Cora Coralina






O médico perguntou:
— O que sentes?

E eu respondi:

— Sinto lonjuras, doutor. Sofro de distâncias.


— Caio Fernando Abreu